A época mais crítica em incêndios florestais começa na sexta-feira com menos meios de combate aos fogos do que no ano passado, sendo os cortes mais visíveis nos meios aéreos.
Durante a fase "Charlie" de combate a incêndios florestais, que se prolonga até 30 de Setembro, vão estar operacionais 9.210 elementos (menos 775 que no ano passado), 2.018 viaturas (menos 158) e 41 meios aéreos (menos 15), além dos 237 postos de vigia da responsabilidade da GNR. Os cortes no dispositivo de combate a incêndios é justificado com o "período de necessária contenção da despesa pública", tendo o anterior secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco, estimando uma poupança de 11,5 milhões de euros para o Estado na redução dos meios de combate.
Segundo a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), a redução dos meios aéreos situa-se ao nível dos aviões não anfíbios, que tinham necessidade de aterrar cada vez que efectuavam uma descarga para repor a água. Dos 41 meios aéreos, 34 são helicópteros médios e ligeiros para ataque inicial, cinco são helicópteros pesados e dois aviões médios anfíbios para ataque ampliado. Dos 41 aparelhos, nove são meios do próprio Estado, sendo os restantes alugados. De acordo com a ANPC, o dispositivo terrestre terá uma redução de cerca de oito por cento na fase "Charlie" em relação ao ano passado.
A ANPC refere que, para compensar "em alguma medida a diminuição de outros meios, foram integrados no dispositivo 12 máquinas de rasto", sendo ainda os corpos de bombeiros dotados de terminais SIRESP que vão permitir "melhorar" as comunicações. Dos mais de nove mil elementos que compõem o dispositivo para a época mais crítica em incêndios florestais fazem parte bombeiros voluntários e profissionais, sapadores florestais, equipas da Força Especial de Bombeiros "Canarinhos", Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR e Equipas de Intervenção Permanente, contando ainda com o apoio do Exército, associação de empresas do sector papeleiro e de celulose, brigadas do Grupo de Análise e Uso do Fogo (GAUF) e Equipas de Vigilância e Ataque Inicial.
Todo este dispositivo é coordenado pela Autoridade Nacional de Proteção Civil, através do seu Comando Nacional (CNOS) e Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS). Também o Exército Português vai reduzir para quase metade o número de militares em operações de combate aos incêndios florestais este ano, devido aos cortes financeiros impostos pelo Governo, segundo o Estado-maior daquele ramo militar. A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) já se manifestou preocupada com a redução dos meios no combate aos fogos, mas garantiu que os "bombeiros portugueses não vão deixar o país descalço" perante as adversidades.
O novo ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, que na semana passada visitou a ANPC, garantiu que "aquilo que está neste momento previsto é o que é necessário para combater os incêndios". Além da redução de meios, a época mais crítica em incêndios florestais também começa com mais área ardida e ocorrências do que ano passado. O relatório provisório da Autoridade Florestal Nacional (AFN) indica que a área ardida entre janeiro e maio mais do que duplicou em relação ao mesmo período de 2010. Nos cinco primeiros meses do ano arderam 6.755 hectares de florestas e registaram-se 3.676 ocorrências de fogo.
Fonte:Diário de Noticias